O tema deste mês da Pitaya, seu clube de assinatura de calcinhas favorito, é: como lidar com o verão. Afinal, chegou, finalmente, a temporada de praia nesse país tropical. E mesmo que você não tenha planos de ir até o litoral, é nessa época que deve encontrar a oportunidade para uma aventura aquática em um lago, cachoeira, piscina ou no bom e velho mangueirão do pátio de casa. Não importa onde nem como, o fato é que para aplacar o calor (cada vez mais sufocante, graças ao aquecimento global, né, gatas), só mesmo uma aguinha.
E o que isso significa? Pele à mostra, seminudez, em um estado de natureza selvagem que é mesmo um deleite. O sol lambe nossas dobrinhas, lambuzadas de protetor, a areia quente aquece, a água gelada refresca, e a caipirinha, que compõe o cenário perfeito, relaxa. Quem sabe um livro, para completar o ócio praiano, entre um mergulho e outro? Ai, que delícia o verão.
Se a descrição parece mesmo um paraíso, o inferno mora no detalhe: você só aproveitará ao máximo a estação se estiver tranquila com o seu próprio corpo. O medo de ser julgada e a vergonha das suas estrias, celulites, gordurinhas, flacidez ou qualquer outro atributo ordinário de um corpo humano vivo são os ingredientes perfeitos para colocar em cheque seus momentos de alegria na água.
As nóias podem parecer bobas, mas podem estragar toda a sua experiência de verão, então esteja atenta. Consuma os conteúdos certos e calibre sua mente para tacar o foda-se sempre que necessário e garantir que nada te impedirá de aproveitar ao máximo a melhor época do ano.
Talvez seja impressionante que ainda estejamos aqui falando de aceitação corporal. Afinal, já é 2024, e você certamente já cruzou com esse conteúdo. A juventude empoderada, então, já decorou a cartilha da desconstrução.
Acontece que a opressão da beleza é uma entidade traiçoeira, sorrateira, que se transmuta para nunca morrer. Por isso, o assunto permanece vivo. Certamente já evoluímos muito em desmascarar os mitos dos padrões. A mídia parece ter finalmente aprendido que tentar vender o “corpo de verão” é coisa do passado, e tudo indica que entrou na moda deixar as mulheres serem felizes com o corpo que o universo lhes deu. Aleluia.
Nos bastidores, contudo, talvez a sociedade ainda esteja pregando peças em nós. Em vez de nos sugerirem embarcarmos em um “projeto verão”, para perder zilhões de quilos em dois meses, agora nos propõem o “projeto melhor versão de si mesma”, em que acordaremos às cinco da manhã, vibraremos com endorfina, sem comer um grão de glúten. E veja só que coincidência, esse novo projeto também recai na nossa aparência!
Muitas vezes travestidos de mudanças existenciais, esses novos movimentos transparecem o fato de que as mulheres ainda são reduzidas, e acabam sendo forçadas a se reduzir, aos seus corpos. Seguimos, em muitos espaços, ainda sendo medidas pela nossa beleza e constrangidas a entrar em caixinhas idealizadas provavelmente por homens (pouco atraentes, sem dúvida).
America Ferreira, no monólogo impecável de Barbie, resume o fenômeno: “você tem que ser magra, mas não muito magra. E nunca pode dizer que quer ser magra.Você tem que dizer que quer ser saudável, mas também precisa ser magra”. Você se identificou? Então fique esperta nesse verão, para não cair em armadilhas. Não, você não precisa ser magra para ser uma grande gostosa. E, pasme, você também não precisa necessariamente se sentir uma grande gostosa o tempo todo. O seu corpo é SÓ uma parte de você. Tem toda aquela parte da sagacidade, criatividade, bom gosto, malemolência e determinação que te torna uma pessoa incrível.
Vai lá. Coloque seu biquini maravilhoso da Pitaya, dê o seu tchibum, refresque a alma, e deixe bem claro para qualquer um que duvidar que você é, sim, um bumbum bronzeado, mas também é muito mais do que isso.