Nascida no Japão, mas conhecida como dama das artes plásticas brasileiras, ela desafiou a comunidade conservadora para assumir seu talento artístico! Ué, quem é essa?  Tomie Ohtake, pintora, gravurista e escultora, um dos maiores nomes do abstracionismo no Brasil.

Tomie Othake nasceu em Quioto, no Japão em 1913, época em que toda boa mulher, especialmente japonesa, era preparada para ser dona de casa. Ainda no colégio, ela teve aulas de pintura, mas quando disse ao pai que queria ser pintora, a resposta foi um sonoro “não”. Em vez disso, ela recebeu o melhor treinamento em rituais de chá, montagem de buquês e costura.

Foi aos 23 anos que Tomie chegou ao Brasil, a passeio. Ela veio visitar um irmão mais velho que vivia em São Paulo. A ideia era passar um ou dois anos em terras tupiniquins. Logo que chegou, ela gostou do clima quente e das comidas diferentes. Com alma de artista, ela contava que achou tudo no Brasil muito amarelo. Não à toa, essa seria uma das cores características de sua obra!

O problema foi que em 1937, menos de um ano da chegada de Tomie, seu irmão foi convocado para a Guerra sino-soviética, que estourava do outro lado do mundo. Eram os prenúncios da Segunda Guerra Mundial, conflitos que também impediriam que Tomie retornasse ao Japão. Para nossa sorte, ela foi ficando por aqui, e se casou com um amigo do seu irmão, também de origem japonesa.

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Aí a vida foi seguindo o rumo esperado na comunidade japonesa conservadora. No bairro da Mooca, reduto de diversas comunidades imigrantes, ela cuidava da casa e dos dois filhos. Até que, aos quase 40 anos, Tomie foi a uma exposição de arte de um pintor japonês que estava de passagem por São Paulo. Foi o artista, Keiya Sugano, que a incentivou a retomar sua antiga paixão.

Tomie começou a pintar, na sala de jantar de casa. Despretensiosamente, ela foi ensaiando técnicas e registrando as paisagens à sua volta. Mas se nos primeiros anos sua pintura foi mais baseada na mera reprodução das formas da natureza, no final dos anos 1950 ela passou a trilhar seu próprio caminho. Ela explicava que “queria pintar o que vinha do coração e não apenas o que via”.

No início dos anos 1960, Tomie já participava de diversas mostras de arte, e, consequentemente, se afastava do ideal conservador de esposa japonesa. O marido fez o quê? Abandonou a família. E ela? Seguiu o baile, firme e forte, e estourou no abstracionismo! 

Passou a produzir obras de dimensões cada vez maiores, e com mais texturas. Mas com cores sempre muito pensadas e organizadas e um desenho delicado característico! Há quem diga que é uma obra ocidental, com alma oriental <3

Em meados dos anos 1960, Tomie começou a ganhar prêmio atrás de prêmio, e a ser convidada para mostras no mundo todo! E foi em 1967, ano em que ela debutou em exibições na gringa, que ela decidiu se naturalizar brasileira. Nos anos 1970 e 1980 ela explorou novos materiais, fez litografia e serigrafia e seguiu expondo suas obras em museus mundo afora. 

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Nos anos 1980, já na casa dos 60, ela inaugurou uma nova frente, pela qual ficaria bastante conhecida: as obras públicas. O objetivo dela era que a arte fosse mais acessível a todos; ela dizia que era para o público se acostumar com a arte, não era para ela. E não é que funcionou?

Pois talvez você até ache que não conhece Tomie Othake, mas se colocar no google, tem grandes chances de lembrar já ter visto alguma de suas obras por aí! Suas esculturas são sempre grandiosas (tipo dezenas de metros), mas delicadas ao mesmo tempo. Costumam lembrar fitas onduladas gigantes. Hoje, 27 esculturas dela enfeitam diversas cidades brasileiras.

Em 2001, foi inaugurado o Instituto Tomie Ohtake, dirigido pelo designer Ricardo Ohtake e projetado pelo arquiteto Ruy Othake, filhos de Tomie. A proposta do lugar é apresentar as novas tendências da arte nacional e internacional, além das obras da artista.

Apesar de começar a produção relativamente tarde, Tomie pintou por mais de 60 anos! Pois a danada da velhinha faleceu aos 101 anos, e seguia ativa no pincel! Nos seus últimos 5 meses de vida, para vocês terem ideia, Tomie produziu mais de 17 quadros, que foram exibidos postumamente. 

A japonesa abrasileirada é ou não é um ícone para as mulheres de seu tempo? Deu umas boas pinceladas no patriarcado e pintou seu próprio destino. Viva Tomie!

A última casa de Tomie Ohtake | CASA CLAUDIA     Obra pública de Tomie Ohtake é restaurada em Santos | CASA CLAUDIA     Instituto Tomie Ohtake

Esse texto é  da Pitaya, a primeira assinatura de calcinhas e sutiãs.

Mais do que uma assinatura, uma comunidade de mulheres empoderadas.

Afinal mulheres modernas merecem ser cuidadas, e bem estar começa na intimidade.

Ficou curiosa? Confere como funciona aqui e se tiver qualquer dúvida fale com a gente por aqui

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