Foi atriz, pioneira no teatro, cinema e televisão, e a primeira protagonista negra de projeção do Brasil.

Ué, quem é essa? Essa é Ruth de Souza!

Aos 9 anos, quando o pai morreu, Ruth foi morar no Rio de Janeiro para a mãe trabalhar como lavadeira. Todo o dinheiro que juntavam usavam para ir ao cinema ou para ver as operetas no Theatro Municipal. Foi assim, assistindo o filme do Tarzan, que Ruth teve certeza de que queria atuar! 

Naquela época, para uma menina negra, esse sonho parecia até delírio. Mas não é que aos 23 anos Ruth leu no jornal que grupo de jovens atores negros se reunia no Teatro do Estudante do Brasil? Era o embrião no Teatro Experimental do Negro (TEN), e Ruth logo entrou nessa cena! O TEN foi fundado em 1944 pelo ator, professor, político e ativista negro Abdias do Nascimento.

Ruth de Souza sai de cena aos 98 anos - Cultura - Estado de Minas

Com o TEN, Ruth assumiu papel provocador nesse teatro de experimentação, que denunciava a opressão racial no Brasil. Ela foi a primeira negra a encenar nos palcos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e foi a primeira Desdêmona negra (na peça Otelo, de Shakespeare). Em 1947, ela recebeu o prêmio de atriz revelação e, em 1948, estreou nos cinemas.

Na boemia carioca, Ruth conheceu uma porção de figuras da intelectualidade (aquele clima dos cafés de Paris, só que nos bares da Lapa!) que lhe renderam diversas indicações! Foi assim que, em 1950, ela recebeu uma bolsa de estudos da Fundação Rockefeller. Em um ano nos EUA, ela estudou em Harvard e estagiou na Academia Nacional de Teatro Americano. 

E, quando estava na época de voltar ao Brasil, a produtora Vera Cruz a chamou pra filmar Sinhá Moça, que acabou levando o prêmio Leão de Prata, no festival de Veneza, em 1953! Ruth foi a primeira brasileira indicada para o prêmio de melhor atriz no festival. Ela não ganhou, mas sua indicação foi uma grande vitória para a dramaturgia brasileira. 

Em 1969 Ruth passou a integrar o elenco da TV Globo, e se tornou a primeira atriz negra a protagonizar uma novela: A Cabana do Pai Tomás. Mas vejam só, apesar do papel central, o nome de Ruth não encabeçava os créditos na abertura! A atriz ficou 50 anos na Globo, e fez mais de 30 novelas. E ela sempre contava que tinha que brigar muito por bons papéis. 

Ruth faleceu em 2019, com 98 anos e mais de uma centena de trabalhos realizados! Ela é um legado para todas as atrizes, atores e artistas brasileiras, e seu reconhecimento em vida é uma referência para as mulheres negras do Brasil.

“Devo ser uma pessoa muito esquisita… Não brigo, nem discuto: eu cobro.” 

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