Reconhecida como a melhor chef de cozinha do mundo em 2014, ela brilha com sua estrela Michelin, a única mulher do Brasil a alcançar esse prêmio gastronômico. Ué, quem é essa? É Helena Rizzo, a chef do Maní, um dos restaurantes mais prestigiados da América Latina!

A gaúcha saiu de casa aos 18 anos para tentar a vida em São Paulo. Ela trabalhava como modelo, mas gostava mesmo era de culinária. Começou trabalhando como garçonete, mas logo conseguiu estágios em grandes restaurantes. No final dos anos 1990, ainda não havia muitas opções de curso superior de gastronomia, então Helena aprendeu fazendo. 

Com 22 anos, ela trabalhava em um café, quando surgiu a oportunidade de fazer um estágio em um restaurante italiano. Era numa cidade minúscula, por indicação de um amigo. Assim começou o périplo de Helena pela Europa. Foi em Milão que ela conseguiu seu primeiro estágio em um restaurante de prestígio, e depois foi em Barcelona que ela foi rechear o currículo.

Mas para quem pensa que gastronomia chique é só glamour, ela conta que, nos vários restaurantes em que estagiou, ela trabalhava até 15 horas por dia, às vezes com apenas uma folga por semana. E como os estágios não pagavam, foi fazendo bicos cozinhando em eventos que ela conseguiu se manter na Europa.

Em Barcelona, o foco de Helena era no El Celler de Can Roca, um dos melhores restaurantes do mundo. Tanto ela mandou e-mail, bateu na porta e encheu o saco pedindo um estágio lá, que, depois de muitos “nãos”, eventualmente aceitaram-na. Ela mostrou que estava preparada, e acabou sendo convidada para assumir um cargo de chefia na cozinha do novo restaurante da família Roca.

Ela trabalhou um ano nessa posição, quando decidiu voltar definitivamente ao Brasil, para inaugurar um restaurante para chamar de seu! Foi assim que surgiu o Maní, resultado de uma parceria com alguns amigos (inclusive a Fernanda Lima, que é uma das sócias) e com o ex-marido (também chef). 

A proposta era de simplicidade, valorizando a brasilidade e respeitando a sazonalidade dos ingredientes e o trabalho dos pequenos produtores rurais. Depois de meia dúzia de erros e aprendizados, hoje, 12 anos depois, o restaurante acumula prêmios internacionais. E Helena é igualmente reconhecida.

Atualmente, a chef também participa de reality shows de gastronomia (no gnt e no Netflix) e mostra que o lugar de mulher pode ser, sim, na cozinha; na cozinha de prestígio, que envolve técnica e muito conhecimento. Ela mostra que a divisão machista entre o protagonismo na culinária doméstica e na culinária profissional já não se sustenta.

Num país em que mais de 10% das agressões domésticas contra mulheres se justificam por “falta de comida em casa”, o sucesso de Helena ajuda a desconstruir, pelo menos um pouquinhozinho, essa distinção de gênero na cozinha. Afinal, quem cozinha bem não tá “pronta para casar”, mas, quem sabe, para conquistar um estrela Michelin! 

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