A homenageada de março da Pitaya, seu clube de assinatura de calcinhas favorito, é argentina de nascimento. Essa chef de cozinha conquistou a barriga e o coração dos brasileiros. Ela tem um humor ácido genuíno e usa sua fama na TV para abordar assuntos importantes, como produção responsável de alimentos  e soberania alimentar. Ué, quem é ela? É Paola Carosella, uma cozinheira abrasileirada, empreendedora e defensora da comida de verdade!

Infância solitária

  • Nascida em 1972 e criada em um bairro pobre nas proximidades de Buenos Aires, Paola Carosella teve uma infância e adolescência tumultuadas.
  • Quando tinha 3 anos, sua mãe e seu pai se separaram: o pai, que sofria de doença mental, acabou passando a maior parte da vida internado em hospitais psiquiátricos; com a mãe, que trabalhava muito, e era extremamente rígida e melancólica, a relação também era muito conflitiva.
  • Paola fala da infância e da adolescência como um período de muita solidão. Sem a mãe em casa durante a maior parte do tempo, ela se entretinha cozinhando.
  • Por volta dos 13 anos, já começou a cozinhar todo dia, para esperar a mãe com o jantar pronto. Era seu refúgio. Nessa época, imaginava estar em um programa de TV, fingindo que o aquecedor de água na frente na bancada da cozinha era a câmera.
  • A culinária a conectava com o avô, caçador e pescador, que passava horas na cozinha limpando e preparando os mais diferentes tipos de animais capturados, desde peixes até pombos, rãs e javalis. Com essas lembranças, para Paola, a cozinha sempre foi o lugar preferido no mundo.

Endereço: lata de tomate

  • Quando terminou a escola, aos 17 anos de idade, Paola não quis escolher nenhuma carreira. E estudar gastronomia ainda não era uma possibilidade, já que a carreira não existia na época.
  • Por isso, passou a fazer trabalhos de assistente e de secretária. Um dia, perguntaram se ela conhecia alguém que cozinhasse marmitas para o pessoal do escritório, e ela mesma se candidatou. Os colegas aprovaram e aprovaram o tempero! Foi assim que ela acabou sendo apresentada a chefs de cozinha, que eventualmente lhe ofereceram um estágio, e, mais tarde, um emprego.
  • Aos poucos, Paola foi subindo os degraus dessa carreira desafiadora, cansativa e majoritariamente masculina. Depois de trabalhar em grandes restaurantes argentinos, ela teve a oportunidade de cozinhar em restaurantes na Califórnia e em Nova York.
  • Nessa época, ela conta que vivia como um ratinho na lata de tomate: passava longas horas na cozinha, focadíssima em aprimorar suas habilidades e técnicas. Foi ficando conhecida pela competência.
  • Quando tinha 26 anos, um amigo a convidou para ser chefe em um restaurante no Brasil que estava prestes a abrir: o badaladíssimo Figueira Rubaiyat, em São Paulo. Ela aceitou a oferta sem titubear, e passou a comandar uma cozinha só de homens que atendia 1500 clientes por dia.

Empresária e estrela de TV

  • No Brasil, Paola começou a ver além da lata de tomate, e passou a pensar em ter um restaurante para chamar de seu. Tinha chegado a hora de empreender! Como a mãe havia falecido recentemente, ela teve acesso a uma herança para realizar o investimento no restaurante Julia Cocina, aberto junto com sócios em 2003, também em São Paulo. Foi o primeiro de muitos!
  • Em 2008 foi a vez de estrear o restaurante Arturito, em funcionamento até hoje, destinado a uma culinária mais simples. E, em 2014, abriu a famosa La Guapa, loja de empanadas artesanais hoje presente em várias cidades brasileiras.
  • Foi também em 2014 que veio o convite para ser jurada no MasterChef Brasil. Com a recém abertura do restaurante e com uma filha pequena (na época com menos de 3 anos), o momento não era ideal para se dedicar a um novo projeto. Mas o dinheiro seria bem-vindo para quitar os empréstimos, e a visibilidade ajudaria a dar tração às lojas, então não teve como recusar a oportunidade.
  • Com seu humor ácido e o inconfundível sotaque argentino, Paola Carosella conquistou o Brasil. Na TV, ela descobriu seu talento como comunicadora, e se viu cumprindo o papel não só de entreter, mas também de educar os telespectadores sobre aspectos que considera importantes na gastronomia, como desperdício de comida e a procedência dos alimentos.

Uma ativista

  • Paola é uma advogada do arroz com feijão, do básico bem-feito e da alimentação saudável. Ela defende a agricultura familiar, livre de agrotóxicos e sustentável, e é com esses critérios que seleciona os fornecedores dos seus restaurantes.
  • Muito vocal nessa pauta, ela já se envolveu em campanhas do Greenpeace Brasil contra o uso de agrotóxicos, além de participar de audiência pública na Câmara dos Deputados sobre o tema. Em 2020, inclusive, finalizou o processo de naturalização brasileira para poder votar contra Bolsonaro.
  • A chef também apoia diversos projetos humanitários. Um deles, o Cozinha e Voz, em parceria com o Ministério Público do Trabalho, capacita em gastronomia pessoas desempregadas para recolocação profissional. E durante a pandemia, ela se envolveu em várias iniciativas para produzir e distribuir marmitas para a população carente.
  • Paola é expert na culinária como entretenimento, mas leva comida muito a sério! Que ela siga nas telinhas, nos encantando com seu senso de humor e nos fazendo pensar sobre o que comemos!

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