Olá, Pitayas queridas! Lá vamos nós para mais um mês de quarentena. Vocês estão se cuidando? Todas que puderem, fiquem em casa, usem máscara, álcool gel e tudo mais. E também não se esqueçam de ligar para os amigos e familiares, assistir umas lives, ler bons livros e maratonar umas séries! 

O importante, agora, é manter a saúde física e mental. Então não se exijam demais! Produtividade é legal, mas usar esse tempo pra descansar pode ser uma ótima ideia também. Pensando nisso, decidimos homenagear esse mês uma mulher f*da que revolucionou a saúde mental no Brasil!

Ué, quem é essa? Essa é Nise da Silveira, uma psiquiatra que transformou os tratamentos psiquiátricos no nosso país. 

Essa alagoense já começou, em 1926, sendo a única mulher a se formar na Faculdade de Medicina da Bahia, em uma sala de mais de 150 homens! Ela foi uma das primeiras mulheres a se formar em medicina no Brasil. Concluída a faculdade, ela e o marido, também médico, foram para o Rio de Janeiro. 

A partir daí, Nise se especializou em psiquiatria, passou em um concurso para trabalhar em um hospital e começou a publicar artigos relacionando arte e literatura com avanços na medicina. Focados na profissão, ela e o marido escolheram não ter filhos (se até hoje isso é estigmatizado, imagina um século atrás?). 

Nos anos 1930, ela e o marido, engajados em pautas sociais, militaram no partido comunista. Mas quando uma enfermeira a denunciou pela posse de livros marxistas, Nise acabou sendo presa pelo governo de Getúlio Vargas. 

Ela ficou presa por pouco mais de um ano. Nesse período, dividiu cela com a Olga Benário e conheceu o escritor Graciliano Ramos (ela chega até a ser citada em “Memórias do Cárcere”). Não eram tempos fáceis para militantes de esquerda, e mesmo depois de ser solta, Nise ainda teve de viver na clandestinidade por mais 8 anos. 

Foi quando saiu da prisão que Nise fez história: ela discordava dos tratamentos agressivos que eram massivamente aplicados pelos hospitais psiquiátricos da época, tipo eletrochoque e lobotomia. Ela incomodou tanto que acabou sendo transferida para a área da terapia ocupacional do hospital em que trabalhava, que era desprezada pelos médicos.

Nise da Silveira.tif

Ela fundou a Seção de Terapêutica Ocupacional no hospital que trabalhava (o mesmo que Dona Ivone Lara, lembra do mês passado?!).Em vez de só manter uma rotina de limpeza e manutenção com os pacientes, como era praxe na época, Nise criou ateliês de pintura e modelagem. A ideia, super inovadora para a época, era que com a pintura e a modelagem, os pacientes, especialmente os mais graves, se conectassem à realidade pela via simbólica e da criatividade!

Essa abordagem artística à doença mental teve forte influência das teorias do psiquiatra Carl Jung, com quem Nise realizou residência, na Suíça, por alguns anos. Com essa inspiração, Nise fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio, para preservar obras de pacientes. O museu ficou conhecido em todo o mundo, funciona até hoje, e é uma rica fonte de pesquisas, seminários, documentários e cursos. 

A luta de Nise pela humanização dos hospícios, para que deixassem de ter aquela vibe de prisão, começou lá nos anos 1940, mas foi no final dos anos 1980 que ganhou força. Em 1987 nascia oficialmente o Movimento de Luta Antimanicomial e, em 2001 (já depois da morte dela), foi aprovada a lei que estabeleceu o fechamento de hospitais psiquiátricos no Brasil e a abertura de novos serviços comunitários. 

Claro que a luta pela desmistificação das doenças mentais ainda não acabou, mas com certeza avançou muito. E muito se deve à sensibilidade de Nise!  Ela faleceu aos 94 anos, em 1999. E em 2016 foi lançado um filme brasileiro em homenagem à ela, “Nise: O Coração da Loucura” (com a Glória Pires! Pode ser uma boa pedida na quarentena, hein?). 

“Não se cura além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas.”

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