Ela é especialista nas relações do Brasil com países africanos, conhece 33 países do continente, e já serviu em alguns deles. Ela também é uma voz ativa sobre a importância da igualdade de gênero nas relações internacionais. Ué, quem é essa? É a Embaixadora Irene Vida Gala, uma diplomata que chegou ao topo da carreira, e quer trazer mais mulheres com ela!

Anos 1980 – desbravando o Itamaraty 

  • Formada em Direito pela USP, em 1983, Irene ingressou no Instituto Rio Branco em 1985. Tomou posse oficialmente na carreira diplomática em 1986. E se hoje as mulheres são menos de ¼ do corpo diplomático, imagina há 35 anos? 
  • Desde o começo da carreira, ela escolheu especializar-se nas relações do Brasil com a África. Além do interesse pela região, ela percebeu, como mulher, maior espaço para atuar no continente, que concentrava postos menos prestigiados pela diplomacia brasileira tradicional. Ou seja, pelos homens. Pois foi o caminho aficano que a levou ao topo da carreira!
  • No exterior, sua primeira missão permanente foi para Lisboa (1991-1994), período em que se alinhava a futura Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), entre Brasil, Portugal e países africanos lusófonos.
  • Na celebração de sua partida, um embaixador foi porta-voz do pensamento institucional. Disse, em tom jocoso: “espero que a gente sempre encontre alguém para cortar as asinhas da Irene”. Que nada, Irene voou alto!

Anos 1990 – desbravando a África 

  • Em 1994, ela escolheu servir em Angola. O detalhe é que o país vivia uma guerra civil desde 1975, e que só foi terminar em 2002. Inclusive, logo que chegou, Irene já viu a embaixada brasileira com a fachada toda cravejada de balas.
  • E vocês acham que ela se abalou? Solteira e sem filhos, por opção, ela comprou uma Land Rover, contratou um guarda-costas e não deixou de sair à noite!
  • Em 1996, Irene saiu de Angola para servir na África do Sul. O país, que há poucos anos havia abolido o regime de Apartheid e que comemorava a eleição de Nelson Mandela, em 1994, estava em ebulição. Irene queria viver isso.
  • Entre 1999 e 2004, ao voltar para o Brasil, a diplomata foi chefe da Divisão de África Austral e lusófona. E aproveitou para também realizar seu mestrado em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, sobre o pensamento africano em relações internacionais. 
  • Pois Irene especializava-se em um tema que ganhava grande relevância no período. Afinal, em 2003, a dupla Lula e Celso Amorim começaram a transformar a política externa brasileira, dando maior ênfase ao relacionamento com a África.

Anos 2000 – o combate à violência

  • Em 2004, Irene foi servir em Nova York, na delegação brasileira na ONU, uma posição muito visada na diplomacia. Durante o período, acompanhou temas africanos no Conselho de Segurança da instituição, e visitou diversas missões de paz das Nações Unidas no continente. 
  • Em 2007, após a experiência em locais em guerra e muito violentos, ela voltou a servir na Europa, onde enfrentou outro tipo de violência: a doméstica. 
  • Irene foi designada à embaixada do Brasil em Roma, onde quase 80% dos brasileiros registrados eram mulheres, casadas com italianos. Nesse contexto, a questão da violência contra essas brasileiras foi uma agenda que se impôs na embaixada. Como mulher, Irene identificou facilmente o problema, e escreveu uma carta aberta no site da embaixada, indicando contatos e possibilidades de ajuda. 
  • Mais tarde, ela ouviu relatos de como essa ação foi importante em diversos casos.

Anos 2010 – Embaixadora Irene

  • Em 2011, Irene foi convidada a assumir a chefia da embaixada brasileira em Acra, capital de Gana, onde serviu até 2017. Nesse período, ela foi oficialmente promovida ao patamar mais alto da carreira diplomática: a embaixadora. 
  • É assim mesmo que ela gosta que a chamem: Embaixadora Irene. Afinal, são muito poucas mulheres que chegam nessa posição, e ela considera importante que essa “persona” seja uma referência, um espelho para mulheres que se interessam pela carreira! 
  • Irene acredita que as mulheres não buscam a carreira diplomática porque elas não têm referência de mulheres em posições importantes na diplomacia brasileira. Por isso, ela, lá de cima, tem lutado por todas; para que haja mais mulheres na diplomacia brasileira, e para que as que já estão lá tenham mais visibilidade.
  • A embaixadora defende, inclusive, uma cota de ação afirmativa para mulheres, assim como ocorre para negros. Afinal, segundo ela, para ser ministro das relações exteriores, secretário geral ou embaixador em postos importantes, as vagas já têm cotas, e elas são 100% para homens!

Mais mulheres diplomatas

  • No atual ritmo, sem incentivos para a entrada de mulheres na diplomacia, o quadro de diplomatas só terá paridade entre homens e mulheres em 2075. 
  • Na gestão do ministro Celso Amorim [2003-2010], houve um esforço informal para promover mais mulheres dentro da carreira, mas não como uma norma. E, após esse período, houve uma regressão. 

Em 2013, as mulheres do Itamaraty criaram um coletivo para tratar do tema, e em 2018 o grupo lançou o documentário Mulheres Brasileiras na Diplomacia (disponível gratuitamente no Vimeo, vale a pena!).

Esse texto é  da Pitaya, a primeira assinatura de calcinhas e sutiãs.

Mais do que uma assinatura, uma comunidade de mulheres empoderadas.

Afinal mulheres modernas merecem ser cuidadas, e bem estar começa na intimidade.

Ficou curiosa? Confere como funciona aqui e se tiver qualquer dúvida fale com a gente por aqui

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