Nessa quarentena (que de quarentena já não tem mais nada, e agora adentra o seu quinto mês) muita gente se refugiou na ficção. Séries, filmes, livros, podcasts, qualquer história que nos tire de dentro das nossas casas e nos leve para um mundo imaginário, onde a vida continua sem isolamento! Aqui no Clube das Pitayas, a curadoria literária foi de gênero, o feminino: livros escritos por mulheres. Nessa primeira seleção, priorizamos a qualidade à quantidade: apenas 4 obras, mas todas valem muito a pena! Boa leitura!
O Amante Japonês, da Isabel Allende
A escrita de Isabel costuma ser facilmente elogiável. Somos levados por sua farta imaginação, que nos possibilita atravessar o tempo e o espaço. Seu primeiro romance, A Casa dos Espíritos, escrito em 1982 na forma de realismo fantástico, já a tornou conhecida internacionalmente. De lá para cá, são inúmeras as obras que a colocam no grupo das autoras prediletas. Essa peruana de nascença, filha de um diplomata, criada na Venezuela e radicada na Califórnia desde 1988 conquistou fãs no mundo inteiro. O Amante Japonês traz a delicada história de um relacionamento que atravessa vidas que foram marcadas pelas tragédias da Segunda Guerra Mundial. Fatos históricos e sociais que dificultam o amor costumam marcar grandes romances. A tal ponto que podemos considerá-lo um comovente tributo à constância do coração humano, em um mundo de incessantes mudanças. Vale a leitura!
A Hora Da Estrela, da Clarice Lispector
Romance de 1977, emociona a leitora que embarca na viagem de Macabéa. Diferente de outros dos seus livros, nos quais ela emprega uma escrita intimista (em que o si mesma acompanha cada letra impressa), nesse livro ela, nos traz a personagem de uma nordestina simples que embarca para o Rio de Janeiro e se perde nas ilusões e desventuras da cidade grande. Não é possível ler e esquecer a personagem Macabéa, ela fica na memória, ela nos marca, o que é costume na escrita de Clarice, que busca sempre desacomodar a leitora. Se arrisque e deixe-se marcar por Macabéa. Boa leitura!
Americanah, da Chimamanda Ngozi Adichie
Trata-se de um romance que nos coloca na pele da negra africana que migra para os Estados Unidos e lá constrói seu futuro, por meio de sua escrita. Chimamanda Ngozi Adichie é a autora Nigeriana, que na realidade vive entre a Nigéria e os Estados Unidos. Uma feminista ferrenha, que traz para os seus livros suas raizes africanas, suas lutas, seu mundo. Nesse romance, ela faz a travessia da protagonista pela história de amor, mas também nos remete ao amor por sua sua terra natal. Nos leva à Nigéria, à sua cultura, ao seu lugar de origem, às suas referências. Questiona nossas buscas e nossos encontros. Nessa viagem pela América, acompanhamos também as questões relacionadas ao racismo e à luta para se estabelecer no tão famoso sonho da vida americana. Americanah é show!
FIM, da Fernanda Torres
Fernanda Torres como atriz já é reconhecida por seu talento, mas nem todo mundo sabe que ela é também uma ótima escritora! Seu primeiro romance, “FIM”, editado em 2013, marcou o início de uma promissora carreira no gênero da ficção. Nesse livro, ela apresenta a história de cinco homens que viveram a juventude na década de 1960, no Rio de Janeiro, e nos faz acompanhar a travessia dessas vidas que se encontram enlaçadas entre si. Fernanda é elogiável por nos levar pelo percurso da vida e da morte de forma tão lúcida. O título é Fim mas, só chegamos a ele, vivendo. Viva o talento de Fernanda!