Essa é a Luísa Mahin, uma mulher negra trazida da África para a Bahia, como escrava, por volta do fim do século 18. Há quem diga que ela foi princesa da tribo Mahi, na Costa da Mina. Tudo que sabemos sobre essa mulher foi relatado por seu filho, o patrono da abolição Luis Gama, quem se orgulhava muito da mãe e escreveu sobre ela em algumas cartas.
Além de ter dado luz a Luis Gama, que foi uma figura-chave na luta contra a escravidão no Brasil, Luísa foi líder de diversos levantes de escravos. Ela chegou ao Brasil como “escrava de ganho”, que eram aqueles que prestavam serviços gerais nas cidades, e eram pagos por isso, mas tinham que repassar parte dos lucros aos proprietários.
Foi assim, vendendo quitutes nas ruas de Salvador, que Luísa conseguiu juntar dinheiro para comprar sua liberdade.
Nesse trabalho como quituteira, ela tinha contato com muita gente, e daí veio seu papel nas rebeliões. Ela articulava tudo por meio de bilhetes, escritos em árabe, que ela repassava para outros escravos junto com seus quitutes. Foi assim que começou a Revolta dos Malês, uma das maiores rebeliões de escravos da história do Brasil.
Foi em 1835, quando escravos muçulmanos de Salvador tentaram tomar o governo (apenas). E se tivessem ganho, Luísa teria sido empossada como Rainha da Bahia Rebelde! Infelizmente, a rebelião foi duramente reprimida, e os líderes foram castigados. Luísa até conseguiu fugir para o Rio de Janeiro, mas na capital carioca ela acabou sendo presa e, dizem, deportada de volta para a África.
Mesmo sem acesso a muitos detalhes sobre a vida dessa mulher, que permanece uma incógnita histórica, Luísa é inspiradora, né? Mulher, negra, princesa, escrava, líder revolucionária, quase rainha e mãe de um grande intelectual! Mesmo que não seja bem isso, ela é símbolo da garra de um povo subjugado por um dos maiores crimes da humanidade, que foi a escravidão. É símbolo da força de uma mulher quituteira que agiu politicamente para libertar esse povo.
É símbolo de mãe, que criou um homem negro que se tornou advogado da causa negra.
Esse texto é mais um da série de mulheres brasileiras homenageadas da Pitaya, a primeira assinatura de calcinhas e sutiãs.
Mais do que uma assinatura, uma comunidade de mulheres empoderadas.
Afinal mulheres modernas merecem ser cuidadas, e bem estar começa na intimidade.