Ela foi a primeira mulher brasileira a disputar uma final nos jogos olímpicos, vencendo desafios tanto dentro como fora dos ginásios por sua classe social, sua cor e seu gênero. Ela não teve apoio nem da família nem do governo, mas foi um marco na história do esporte brasileiro e uma referência para mulheres atletas. É Aida dos Santos, atleta especialista em salto em altura, que conquistou uma menção honrosa de quarto lugar para o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio de 1964.
Anos 1950: Medalha não enche barriga
- Aida dos Santos nasceu em Niterói, em 1937, caçula de seis irmãos, em uma família pobre e negra. Os pais não apoiavam a prática de esportes, pois consideravam que não contribuiria para o sustento da casa.
- Depois que Aida descobriu seu talento, contudo, não houve reprimenda que a afastasse dos ginásios. No colégio ela gostava de vôlei, mas uma amiga convenceu-a de testar o atletismo, e de cara ela descobriu a facilidade para o salto em altura. Ela chamou atenção dos técnicos, e na primeira competição estadual já quebrou um recorde!
- Em casa, contudo, a família não aceitava. Após a primeira competição que ganhou, Aida apanhou do pai, e ouviu que medalha não enchia barriga. A menina, que estudava de manhã, trabalhava como doméstica à tarde, e treinava à noite, frequentemente passava fome. Quando era atleta do Vasco, Aida não ia aos treinos porque gastava o dinheiro que o clube lhe dava para passagem em comida.
Seleção para Tóquio – 1964
- Aos 27 anos, Aida conquistou o índice olímpico da época, ao saltar a 1,65 metro. Normalmente, quando um atleta atinge esse índice, ele volta para o seu clube para treinar para as próximas Olimpíadas. Mas o Comitê Olímpico Brasileiro a fez repetir a seletiva mais cinco vezes.
- Como ela manteve o feito, foi oficialmente convocada, um mês antes do início, para a Olimpíada de Tóquio de 1964. Foi a única mulher em uma delegação de 69 brasileiros.
- Mesmo assim, o comitê organizador não ofereceu apoio adequado à atleta. Ela não teve acesso a técnico, equipe médica, uniforme, equipamento e nem mesmo sapatilha de salto! Para treinar em Tóquio, ela contou com a ajuda de atletas de outras nacionalidades que se solidarizavam com a situação.
A vitória Olímpica – 1964
- Mesmo com todas essas dificuldades, Aída dos Santos classificou-se para as finais! E aí surgiu mais um desafio: pouco antes da última etapa da competição, ela torceu o pé. Quem a auxiliou foi um médico da equipe cubana.
- E foi com pé torcido que Aida saltou 1,74 metros, dois centímetros a menos do que a marca da ganhadora da medalha de bronze. Aida recebeu menção honrosa de quarto lugar, o melhor resultado de uma mulher brasileira em jogos olímpicos até 1996!
- Ao voltar para o Brasil, a atleta saiu do anonimato e foi recebida por uma multidão de repórteres querendo entrevistas, e autoridades que lhe ofereceram a entrada triunfal na cidade no carro de bombeiros. Mas a Aida negou tudo. O que ela queria era o apoio quando precisou, não aquela festa da vitória.
Atleta, professora e benfeitora
- No Brasil, ela seguiu treinando e conquistando títulos. Em 1968, ela participou das Olimpíadas novamente, no México, dessa vez pelo Pentatlo, e ficou em 20o lugar.
- Além de seguir praticando esportes, Aida concluiu três faculdades: de geografia, educação física e pedagogia. Ela ajudou a fundar o curso de educação física da Universidade Federal Fluminense, onde foi professora de 1975 a 1987.
- Ela também fundou o Instituto Aida dos Santos, que desenvolveu, por mais de 10 anos, ações que visam, por meio do esporte, promover a inclusão social e cidadania de crianças e adolescentes da periferia.
- Aos seus filhos, Aida sempre incentivou o esporte e o estudo. Sua filha Valeskinha inclusive tornou-se vencedora olímpica de vôlei!
As Mulheres em Tóquio 2020
- A primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Atenas 1896, contou apenas com a participação de homens. Foi em Paris, quatro anos depois, que as atletas puderam competir pela primeira vez (elas eram 2,2% do total). Essa realidade foi evoluindo ao longo dos anos, e os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, adiados pela pandemia e que acontecerão agora em 2021, terão, percentualmente, o maior número de mulheres da história: 49%! Das 50 modalidades, 8 terão mais homens que mulheres nos Jogos de Tóquio
Esse texto é da Pitaya, a primeira assinatura de calcinhas e sutiãs.
Mais do que uma assinatura, uma comunidade de mulheres empoderadas.
Afinal mulheres modernas merecem ser cuidadas, e bem estar começa na intimidade.
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